Porque é que anda meio mundo a enganar outro meio? Tenho saudades das pessoas de palavra, dos acordos de cavalheiros, do valor de um aperto de mão.
Nunca trabalhei com contratos. Mentira! Tive alguns. Todos a recibos verdes. Todos leoninos. Todos daqueles em que assumimos todos os deveres que existem na constituição e abdicamos de todos os direitos. É assim quando se é autor em Portugal. E vivam os americanos e as greves! Cá, nunca chega nada disso. Só gostamos dos autores depois de mortos e enterrados há, pelo menos, vinte e cinco anos. Velharias...
O meu pai ensinou-me três coisas importantes na vida: a dar um aperto de mão forte, a olhar as pessoas nos olhos e a manter a palavra. Tudo regras de pessoas de bem.
Lembro-me que ele costumava fazer "treinos", em criança, obrigando-me a mim e aos meus irmãos a olhar para os seus grandes olhos azuis, sem pestanejar, o tempo que aguentássemos. Essa estratégia já deu frutos em reuniões complicadas... Acho que é por isso que dizem sempre que sou... deixa ver se me lembro da palavra... É por I. Interessante? Não... Inteligente? Não... Gira? Também, mas letra errada!
É uma por I, das más. Qualquer coisa entre impulsiva e comunista... Já me lembro! Irreverente! Afinal não é das más. Até tenho muito orgulho nela. Orgulho... É esse o mal, diz a Su. Foi isso que vim cá resolver. Enquanto não deixar de ter orgulho estou fodida!
Hoje, estou particularmente fodida! Fico assim quando as pessoas ficam com medo das palavras, do seu poder. Dão e tiram. Dizem e desdizem. Têm sobretudo medo das palavras embrulhadas em verdade. Essas sim, são as mais perigosas de todas. Podem fazer danos. Não apenas colaterais mas daqueles que abrem buracos de três metros e afundam navios, empresas, relações.
Eu não tenho medo das verdades. Já fui despedida por causa delas (e do tal orgulho). As mentiras custam-me mais. As que se contam e as que nunca se vão contar, por causa das outras mentiras... É por isso que gosto de deixar tudo por escrito. Para não haver enganos nem confusões. Para ficar tudo esclarecidamente transparente e perene.
3 comentários:
verdade = felicidade.
As coisas são como são e a desonestidade fica com quem a pratica. Diz o povo que há mais marés que marinheiros. Digo eu que as desilusões, as derrotas, se não nos destroem, fortalecem-nos. Virá certamente outra maré e um vento favorável para içarem a vossa vela. Tenho a certeza disso, sabes? Tenho mesmo a certeza... :) Um abraço, Mário Cunha.
Não conhecia o teu blog!
Pois é, em relação a este post... sofro do mesmo mal. Quer dizer, não é um mal. A questão é que a sociedade não está organizada em torno das pessoas frontais.Eu na próxima encarnção quero ser hipócrita, que deve ser muito mais fácil. Enquanto esta durar, mantenho o meu lema: pode alguém ser quem não é?
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