Madeline McCann está outra vez na ordem do dia. Faz amanhã um ano que a criança desapareceu e a SIC anda, há uns dias, a anunciar a reportagem exclusiva que tem para passar nessa data. Hoje lembraram-se de fazer um directo do aldeamento na Praia da Luz, com Maria João Ruela, sorridente, a dizer que se fosse agora, um ano depois, a criança não desapareceria, pois o tal Tapas Bar onde os pais jantaram, fechou, pelo que eles não poderiam lá ir e a criança ainda estaria com eles...
Deduzo que a jornalista não tenha filhos. Prefiro pensar que desconhece o nó no estômago que imobiliza e gela e queima uma mãe que imagina que perdeu um filho numa livraria movimentada, nem que seja só por dois minutos, porque ele se escondeu atrás de uma bancada que tem mais um palmo do que ele... ou porque se enfiou numa tenda na secção infantil do Corte Inglês, junto às escadas rolantes, e em cinco segundos desapareceu da face da terra.
Imagino que se ela tivesse filhos perceberia porque é que o Tapas Bar está vazio, um ano depois, e porque é que ninguém quer ir passar férias aquele aldeamento...
Eu sei que os directos são coisas complicadas de fazer, mas o jornalismo tem regras claras. E os jornalistas que têm o privilégio de trabalhar em meios de informação de topo, como a SIC, não podem cometer erros deste calibre.
É que erros deste tipo não revelam só insensibilidade e falta de civismo. Revelam sobretudo uma falta de noção assustadora do que é o jornalismo independente, sério e responsável. E isso é muito triste. E muito assustador.
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