terça-feira, julho 15, 2008

sexta-feira, maio 16, 2008

Aaron Sorkin

O nome pode não dizer muito a muita gente. Mas este senhor criou “West Wing” – os Homens do Presidente – e mais recentemente “Studio 60 on the Sunset Boulevard”.
A primeira série foi um sucesso brutal. Durou sete longas séries. E tornou o autor num nome incontornável de Hollywood. A segunda foi um flop nas audiências e só teve uma série. O senhor não desistiu e foi escrever um filme – “Charlie Wilson’s War”... Não se ralou nem um bocadinho com o falhanço do Studio 60...
Provavelmente porque ele sabia que tinha ali uma boa série. Tinha escrito uma série sobre os bastidores de um programa de humor ao vivo. E aquilo funcionava! E o mais interessante é que, tal como em “West wing”, ele mantinha os seus guiões cheios de ideias como esperança, fraternidade, amor, paixão, humor e muita coragem.
Aaron Sorkin não tem medo. Não tem medo de escrever, de abordar temas, de os expor em ficção. E os produtores das suas séries não têm medo de produzir os capítulos, muitas vezes com cenas que os devem arrepiar. O Sorkin não teve medo de escrever sobre os bastidores da televisão nos Estados Unidos com realismos e auto-crítica. E os produtores deram-lhe corda. A série não teve audiências... Mas a verdade é que “West Wing” foi um case study... tal como o House... ou os Sopranos... Séries com conteúdo que se aguentam na América contam-se pelos dedos... E são essencialmente séries da Costa Leste... Hollywood não é apelativo à malta de Nova Iorque, nem ao MidWest... E a própria Hollywood não gosta de se ver retratada...
Mas o Soorkin não está sozinho... Os palermas dos americanos, que nós aqui em Portugal gostamos tanto de olhar de lado e de dizer que são burgessos têm feito arte na televisão e têm-na vendido ao mundo inteiro. Nós, aqui na Europa, salivamos com a forma simples e directa que eles têm de dizer as coisas... Criticamos o Bush, a América da pena de morte, dos fanatismos religiosos... Mas essa América está nas séries de ficção deles...
Acho que o que o Sorkin mais me tem ensinado, é que esta coisa de escrever histórias e depois encená-las e filmá-las tem de continuar a ter um sentido. Por mais comercial, banal, simples ou menos fútil que seja, cada história deve querer dizer alguma coisa... Deve ter uma essência... Algo que a torne especial... E no momento em que está no ar... Única.

quinta-feira, maio 15, 2008

Tenho sono...

Não sabia, senhor primeiro ministro?

Há mentiras e mentiras, senhor primeiro ministro! E essa, do tabaco, é uma daquelas nas quais ninguém acredita... Pois, eu sei... Era pior admitir que se achava acima da lei... mas há mentiras e mentiras... 

As pessoas...


Estão atrás da árvore, escondidas do dinossauro. (JP)

quarta-feira, maio 07, 2008

O da Alice

Buraco por buraco, antes o da Alice...

A depressão...

É um buraco negro que nos engole quando a maré baixa...

sexta-feira, maio 02, 2008

Museu de História Natural... por JP!


Esta é a percepção do JP do Museu de História Natural, de Nova Iorque, depois de ter visto várias vezes o filme "Uma Noite no Museu". A "instalação" tem alguns meses. Ele ainda tinha quatro anos...

A infelicidade de Maria João Ruela

Quero pensar que foi apenas um comentário infeliz. E que o sorriso com que ela o sublinhou -  antes, durante e depois - era nervoso miudinho, por ter percebido a meio a estupidez, a imbecilidade, a frieza do que estava a dizer. E não por achar que tinha tido uma ideia genial, que estava a mostrar um prisma ainda não visto ao público do Jornal da Noite da SIC. Se bem que, visto de casa, o sorriso parecia de entusiasmo puro...
Madeline McCann está outra vez na ordem do dia. Faz amanhã um ano que a criança desapareceu e a SIC anda, há uns dias, a anunciar a reportagem exclusiva que tem para passar nessa data. Hoje lembraram-se de fazer um directo do aldeamento na Praia da Luz, com Maria João Ruela, sorridente, a dizer que se fosse agora, um ano depois, a criança não desapareceria, pois o tal Tapas Bar onde os pais jantaram, fechou, pelo que eles não poderiam lá ir e a criança ainda estaria com eles...
Deduzo que a jornalista não tenha filhos. Prefiro pensar que desconhece o nó no estômago que imobiliza e gela e queima uma mãe que imagina que perdeu um filho numa livraria movimentada, nem que seja só por dois minutos, porque ele se escondeu atrás de uma bancada que tem mais um palmo do que ele... ou porque se enfiou numa tenda na secção infantil do Corte Inglês, junto às escadas rolantes, e em cinco segundos desapareceu da face da terra. 
Imagino que se ela tivesse filhos perceberia porque é que o Tapas Bar está vazio, um ano depois, e  porque é que ninguém quer ir passar férias aquele aldeamento...
Eu sei que os directos são coisas complicadas de fazer, mas o jornalismo tem regras claras. E os jornalistas que têm o privilégio de trabalhar em meios de informação de topo, como a SIC, não podem cometer erros deste calibre. 
É que erros deste tipo não revelam só insensibilidade e falta de civismo. Revelam sobretudo uma falta de noção assustadora do que é o jornalismo independente, sério e responsável. E isso é muito triste. E muito assustador.

quarta-feira, abril 30, 2008

Palavra de honra!

Palavra de honra que não percebo este mundo! Se calhar é porque sou demasiado ingénua. A Su diz que é porque vim criança... 
Porque é que anda meio mundo a enganar outro meio? Tenho saudades das pessoas de palavra, dos acordos de cavalheiros, do valor de um aperto de mão. 
Nunca trabalhei com contratos. Mentira! Tive alguns. Todos a recibos verdes. Todos leoninos. Todos daqueles em que assumimos todos os deveres que existem na constituição e abdicamos de todos os direitos. É assim quando se é autor em Portugal. E vivam os americanos e as greves! Cá, nunca chega nada disso. Só gostamos dos autores depois de mortos e enterrados há, pelo menos, vinte e cinco anos. Velharias...
O meu pai ensinou-me três coisas importantes na vida: a dar um aperto de mão forte, a olhar as pessoas nos olhos e a manter a palavra. Tudo regras de pessoas de bem.
Lembro-me que ele costumava fazer "treinos", em criança, obrigando-me  a mim e aos meus irmãos a olhar para os seus grandes olhos azuis, sem pestanejar, o tempo que aguentássemos. Essa estratégia já deu frutos em reuniões complicadas... Acho que é por isso que dizem sempre que sou... deixa ver se me lembro da palavra... É por I. Interessante? Não... Inteligente? Não... Gira? Também, mas letra errada!
É uma por I, das más. Qualquer coisa entre impulsiva e comunista... Já me lembro! Irreverente! Afinal não é das más. Até tenho muito orgulho nela. Orgulho... É esse o mal, diz a Su. Foi isso que vim cá resolver. Enquanto não deixar de ter orgulho estou fodida!
Hoje, estou particularmente fodida! Fico assim quando as pessoas ficam com medo das palavras, do seu poder. Dão e tiram. Dizem e desdizem. Têm sobretudo medo das palavras embrulhadas em verdade. Essas sim, são as mais perigosas de todas. Podem fazer danos. Não apenas colaterais mas daqueles que abrem buracos de três metros e afundam navios, empresas, relações. 
Eu não tenho medo das verdades. Já fui despedida por causa delas (e do tal orgulho). As mentiras custam-me mais. As que se contam e as que nunca se vão contar, por causa das outras mentiras... É por isso que gosto de deixar tudo por escrito. Para não haver enganos nem confusões. Para ficar tudo esclarecidamente transparente e perene. 

terça-feira, abril 29, 2008

A tristeza das comédias românticas

É incrível a quantidade de vezes que nos perguntam, em formulários on-line, quais são os nossos filmes preferidos. E nós ficamos ali parados... a pensar em todos os filmes que vimos e nos marcaram. Alguns, vimos muitas vezes. Outros, nem por isso, mas ganharam a etiqueta de "preferido" porque foram especiais naquela altura. Às vezes nem sabemos bem identificar o que os tornava tão especiais. Há uma vaga ideia de que eram divertidos, diferentes, únicos... (Eram quase todos comédias românticas)... E ficamos com vontade de as rever. É então que se dá o choque com a realidade. Anos depois (delas e nossos) parecem agora menos interessantes, menos divertidos, menos invulgares. Fomos nós que mudámos ou foram eles? Teremos o olhar viciado? Ou a evolução do cinema relegou-os para uma subcategoria, quando antes eram os melhores?
Porque é que há tantas comédias românticas que terminam com um dos protagonistas a correr (literalmente) um para o outro?
É triste...

segunda-feira, abril 28, 2008

O cabeleireiro de Paulo Bento


Vou ao mesmo cabeleireiro há vinte anos. Tudo começou numa tarde de Junho de 1988, quando a conselho de um colega e vizinho decidi meter os meus cabelos pela primeira vez nas mãos de um profissional. O objectivo dessa primeira incursão era simples. Andara um ano inteiro a tentar domar o cabelo com gel. Sem sucesso. Acreditava que ter um bom penteado era meio caminho andado para se ter sucesso com as raparigas. E no dia seguinte havia a excursão de final de ano lectivo. Eram razões mais do suficientes para dar o passo de começar a ir a um cabeleireiro.
Até esse dia, nunca tivera o cabelo cortado por um profissional. E depois disso, nunca mais deixei de ter. E também nunca mais fui a outro salão. A capacidade de um homem ser fiel vê-se por duas coisas... O amor ao seu clube e a constância no seu cabeleireiro.
Para um puto de 14 anos, entrar num salão de cabeleireiro de bairro e dizer a um velho barbeiro como é que queria a sua melena penteada era, na altura, um acto de coragem e também um assumir de independência...
Só um ano antes é que eu tinha conseguido finalmente libertar-me desse jugo terrível de ser a minha mãe a escolher a minha roupa... Este era sem dúvida o passo seguinte, ser eu a mandar no meu visual.
Durante o ano e meio seguinte, cortei o cabelo religiosamente naquele salão, uma vez por mês. Era mais ou menos esse o tempo que levava a que o meu penteado à la Morrissey deixasse de ser controlável, graças a umas hormonas em permanente explosão e a uma característica genética, a de ter caracóis, que me arruinavam em poucos dias, o fino corte com que me brindavam sempre os profissionais.
As idas ao cabeleireiro eram sempre um projecto. Acordava de manhã já a pensar nisso. Sempre com o medo que dessa vez o cabeleireiro estivesse menos inspirado e me arruinasse o estilo capilar, sempre com receio que fosse essa a vez em que ele me cortaria uma orelha com a navalha, ou pior me contaminaria com uma doença incurável!
Justiça seja feita, nunca tal aconteceu. E quando eu comecei a lá ir, as navalhas ainda não eram descartáveis...
Enquanto andava na escola secundária, programava as idas ao cabeleireiro nos furos do horário. O efeito era risível e tinha o condão de me pôr na boca do mundo pelas piores razões... Não cabe na cabeça de ninguém chegar com um penteado à escola às oito da manhã e às dez apresentar outro, cheio de laca e acabado de secar. Mas era o final dos anos oitenta e os Sétima Legião eram o que estava a dar... Ou seja, as pessoas olhavam para as excentricidades de uma maneira diferente.
Um dia, já andava na faculdade, vi surgir um rapaz à porta do cabeleireiro. Era entroncado, e não muito alto e a cara dele não me era estranha. Descobri mais tarde que o vira por ali algumas vezes, porque o pai tinha uma loja na mesma rua. O rapaz estava na altura a trabalhar em Guimarães, mas tinha vindo a Lisboa, em trabalho, e tinha ficado, para ir ao cabeleireiro. Nos anos seguintes vi-o várias vezes. Acabou por vir trabalhar para Lisboa, depois esteve em Espanha, mas acabava sempre por ir ali cortar o cabelo. Outro, que como eu, se mantinha fiel.
Há uns tempos, a escolha de estilo capilar desse rapaz, hoje já um homem, foi tema de muitas crónicas, de muitos textos de humor e do gozo de uma nação inteira. Era natural, o rapaz estava a trabalhar em Lisboa, numa empresa com mais de 100 anos e estava a ter sucesso. E as pessoas não perdoam quem tem sucesso e risco ao meio.
Não foi isso que fez o rapaz mudar de estilo capilar... E tive hoje a prova... Mudar de cabeleireiro. É também por isso que eu gosto dele, porque se mantém fiel aos seus princípios.
Os grandes homens têm sempre uma ligação com o seu cabeleireiro. É com ele que conversam e muitas vez é a ele que contam as suas mágoas. Quando partilhamos o cabeleireiro de um grande homem, partilhamos desse momento único de estar perto de uma estrela.
O meu cabeleireiro é o cabeleireiro do Paulo Bento... E eu já lá não vou há mais de seis meses.

sábado, abril 26, 2008

Moving on...

Estive dois anos e meio a trabalhar para uma coisa que não aconteceu. É tempo de seguir em frente. Como diria o JP, vamos içar as velas e começar a abordagem...